domingo, 11 de outubro de 2015

A verdadeira Religião

                

   
 
Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo.  Aí de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e intemperança. Fariseus cegos! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidades. Mateus 23.24-27

     
     A história comprova que nada trouxe mais males à humanidade do que uma visão distorcida de religião. Jesus Cristo foi enviado pelo pai para extirpar o mal chamado religiosidade, que se encontra tão impregnado em nós. Ele veio denunciar a hipocrisia alojada no coração do homem, á qual nos faz agir o inverso da verdadeira religião.
     
     
     Estamos inseridos numa cultura pós-moderna, cuja todos os dias, nos seduz a viver de aparências.  Há uma busca frenética, da maioria das pessoas querendo obter o corpo perfeito, tentando sempre mudar o visual. Tudo isso, representa o anseio de sermos aceitos nessa sociedade que valoriza demasiadamente o estereótipo. Resultando na tentativa de sermos o que não somos, ou o que não podemos ser. É por isso, que nós gostamos de comprar roupas de grifes famosas, usamos perfumes importados, adquirimos carros de luxo e publicamos fotos no Facebook, exibindo os nossos melhores momentos. Fazemos estas coisas para que as pessoas vejam que estamos por cima, e contemplem a nossa “aparente felicidade”. Não importando o quão tristes, pobres, sujos e machucados estejamos por dentro. Se não vigiarmos, todos nós seremos vítimas desse sistema caído, em que a maioria dos líderes religiosos ensina as pessoas a serem dissimuladas. Obrigando-as seguir preceitos humanos, criando assim uma falsa imagem que não reflete o interior. Não há sinal de discipulado imprimido na vida dos membros, de muitas comunidades chamadas cristãs. Não se vê a identidade de Cristo, talvez pelo fato, dessas pessoas nunca terem sido geradas pelo Espírito Santo, isto é, o caráter de Cristo nunca foi formado nelas.
     

     Jesus nos ensina que a verdadeira mudança se inicia no coração. Porque é exatamente dele que procedem os maus desígnios. Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender?  Ainda não compreendeis que tudo que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furto, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem. (Mateus 15.16-20). O livro de Provérbios afirma que acima de tudo, devemos preservar o coração. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração; porque dele procedem as fontes da vida, (Provérbios 4.23). A transformação só é válida e permanente quando ocorre no interior do indivíduo.  É o que chamamos de regeneração ou novo nascimento, (João 3. 3-8).  A regeneração é a ação sobrenatural operada pelo Espírito de Deus, á qual afeta inteiramente a vontade de uma pessoa. Quer dizer, o pecado que a pessoa gostava de praticar, agora odeia; e as coisas de Deus que ela detestava, agora tem prazer de fazer. Consequentemente uma mudança por dentro irá incidir numa mudança por fora. A isso denominamos santificação. A santificação é a separação de tudo que não agrada a Deus. Significa o abandono das práticas pecaminosas, em suma, é morrer para si mesmo, a fim de viver somente para Deus.
     Qual é a verdadeira religião segundo a bíblia? A verdadeira religião consiste em amar ao próximo, porém, esta quase ninguém pratica mais, (Tiago 1.27, Mateus 25-35-46). A palavra religião vem do latim “religare” significando religação entre o homem e Deus. Sabendo disso conclui-se que o real sentido da palavra é Jesus Cristo, pois Ele é o único capaz de fazer a reconciliação entre Deus e os homens. Porque há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, (1 Timóteo 2.5).  Então, para ter uma religião basta somente se converter a Jesus, e ter um relacionamento com Ele.
     

     As autoridades religiosas da época de Jesus prezavam por suas tradições, e valorizavam demais o que era externo. Uma herança religiosa que foi transmitida a toda nação de Israel. Podemos constatar isso através de alguns exemplos descritos na bíblia:
     Os judeus tinham profunda veneração pelo templo (Marcos 13.1), eles se prendiam a dias específicos (Marcos 2.22-27), o culto virou uma mera formalidade, eles gostavam dos rituais e sacrifícios (Isaías 1.11-18), os sacerdotes gostavam da bajulação do povo e da posição que o cargo lhes conferia, pois amavam a glória dos homens (Mateus 23. 5-7; João 12.10, 42-43). Aquele povo, assim como a sua liderança foi se corrompendo mais e mais. As pessoas foram se tornando cada vez mais religiosas e hipócritas. Elas não conseguiam entender que aquelas coisas todas, templo, culto, sábado e sacerdotes eram apenas uma figura do Messias prometido e desejado. Eles não compreenderam que o que Deus queria era ter um relacionamento com o seu povo, por isso, Jesus foi enviado exatamente para romper com aquela estrutura religiosa e levar as pessoas de volta a Deus. O discurso de Jesus era contrário aquele sistema imposto pelos religiosos, que aprisionava as pessoas e fazia com que elas vivessem de aparências. “Aqui está alguém que é maior do que o templo que vocês tanto veneram (Mateus 12.6). Eu Sou o Senhor do sábado” (Mateus 12. 8). O sumo sacerdote e sacrifício perfeito (Hebreus 9.11-15) veio nos ensinar através do próprio exemplo que a vida dedicada a Deus constitui o verdadeiro culto.
     

     Nós somos especialistas em criticar o comportamento dos Fariseus, mas não percebemos que a nossa tradição evangélica e religiosa nos torna semelhantes a eles. Não nos damos conta de que a nossa religiosidade nos impede de ter um relacionamento genuíno com Cristo. Há algumas frases que nós evangélicos gostamos de repetir, que revelam que nós pensamos como e somos tão religiosos quanto o povo de Israel. Por exemplo, a nossa tradição religiosa nos faz tratar o templo como algo sagrado, por isso, sempre afirmamos o seguinte: “Aqui no templo é lugar de reverência, pois é a casa de Deus”. “Ignoramos que a bíblia afirma: ‘‘ Que o Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens.” (atos 17.24) E que o templo na  verdade somos nós, (1 Coríntios 3.17, 6.19). Portanto, não é só no templo que temos que agir com reverência, mas em todo lugar.
     

     A nossa compreensão humana e limitada pressupõe que é no culto que nós adoramos a Deus. No entanto, veja o que Jesus disse em João 4.24: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. Tais palavras deveriam nos fazer entender que a nossa vida é um culto interminável a Deus, e que a adoração que é uma expressão deste culto não pode estar presa a formas e nem lugares. Outra coisa que se nota no meio evangélico é a supervalorização de alguns líderes, para não dizer idolatria mesmo. Muitas vezes, ouvimos a pessoas dizer: “Eu gosto da oração do pastor beltrano, quando ele ora o fogo cai” ou então, “Se o apóstolo fulano impuser as mãos sobre você, você será curado”. Logicamente que o pastor possui uma função de suma importância, pois ele é alguém que recebeu a autoridade de Deus sendo designado para cuidar do seu rebanho. Entretanto, o novo testamento deixa claro que cada crente é um sacerdote, (1 Pedro 2.5). A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16). A nossa tradição evangélica também nos faz dizer que o “domingo é do senhor”. Mas Paulo nos ensina que o viver é Cristo, (Filipenses 1.21). O que nos leva a entender que nós devemos ser do Senhor por completo, e não apenas um dia na semana. Nós vivemos por Ele, para Ele e por meio Dele, logo a conclusão que chegamos é que todo dia é do Senhor, ou pelo menos deveria ser. O futebol do fim de semana deve ser tão santo quanto à reunião de oração, portanto quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus, (1 Coríntios 10.31). Ou caso contrário, não deveríamos fazer.
     

     Quer comais, quer bebais... O pão e água da vida se manifestou a nós, e nos convida a saciar a nossa fome e sede espiritual, mas nós preferimos a falsa religião. Ou talvez não estejamos tão famintos e sedentos assim. É por isso, que ás vezes, penso que insistir em chamar as pessoas para a reunião de oração e estudos bíblicos é o mesmo que oferecer comida para quem não está com fome. É um desperdício. Só através de Cristo, o verdadeiro significado da palavra religião, encontraremos o alimento que não perece e enfim saciaremos a nossa alma.

    Esse post foi inspirado na pregação Além dos Limites: culto, clero, domingo e templo, do pastor Ed René da IBAB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário