Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo. Aí de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e intemperança. Fariseus cegos! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios ossos de mortos e de toda a imundícia. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas interiormente estais cheios de hipocrisia e iniquidades. Mateus 23.24-27
A história comprova que nada trouxe mais males à humanidade do que uma visão distorcida de religião. Jesus Cristo foi enviado pelo pai para extirpar o mal chamado religiosidade, que se encontra tão impregnado em nós. Ele veio denunciar a hipocrisia alojada no coração do homem, á qual nos faz agir o inverso da verdadeira religião.
Estamos inseridos numa cultura
pós-moderna, cuja todos os dias, nos seduz a viver de aparências. Há uma busca frenética, da maioria das
pessoas querendo obter o corpo perfeito, tentando sempre mudar o visual. Tudo
isso, representa o anseio de sermos aceitos nessa sociedade que valoriza
demasiadamente o estereótipo. Resultando na tentativa de sermos o que não
somos, ou o que não podemos ser. É por isso, que nós gostamos de comprar roupas
de grifes famosas, usamos perfumes importados, adquirimos carros de luxo e
publicamos fotos no Facebook, exibindo os nossos melhores momentos. Fazemos
estas coisas para que as pessoas vejam que estamos por cima, e contemplem a
nossa “aparente felicidade”. Não importando o quão tristes, pobres, sujos e
machucados estejamos por dentro. Se não vigiarmos, todos nós seremos vítimas
desse sistema caído, em que a maioria dos líderes religiosos ensina as pessoas
a serem dissimuladas. Obrigando-as seguir preceitos humanos, criando assim uma falsa
imagem que não reflete o interior. Não há sinal de discipulado imprimido na
vida dos membros, de muitas comunidades chamadas cristãs. Não se vê a
identidade de Cristo, talvez pelo fato, dessas pessoas nunca terem sido geradas
pelo Espírito Santo, isto é, o caráter de Cristo nunca foi formado nelas.
Jesus nos ensina que a verdadeira mudança
se inicia no coração. Porque é exatamente dele que procedem os maus desígnios. Jesus,
porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem
entender? Ainda não compreendeis que tudo que entra pela boca desce para o
ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso
contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes,
adultérios, fornicação, furto, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas
coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina
o homem. (Mateus 15.16-20). O livro de Provérbios afirma que acima de tudo,
devemos preservar o coração. Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração;
porque dele procedem as fontes da vida, (Provérbios 4.23). A transformação
só é válida e permanente quando ocorre no interior do indivíduo. É o que chamamos de regeneração ou novo
nascimento, (João 3. 3-8). A regeneração
é a ação sobrenatural operada pelo Espírito de Deus, á qual afeta inteiramente a
vontade de uma pessoa. Quer dizer, o pecado que a pessoa gostava de praticar,
agora odeia; e as coisas de Deus que ela detestava, agora tem prazer de fazer.
Consequentemente uma mudança por dentro irá incidir numa mudança por fora. A
isso denominamos santificação. A santificação é a separação de tudo que não
agrada a Deus. Significa o abandono das práticas pecaminosas, em suma, é morrer
para si mesmo, a fim de viver somente para Deus.
Qual é a verdadeira religião segundo a
bíblia? A verdadeira religião consiste em amar ao próximo, porém, esta quase
ninguém pratica mais, (Tiago 1.27, Mateus 25-35-46). A palavra religião vem do
latim “religare” significando religação entre o homem e Deus. Sabendo disso
conclui-se que o real sentido da palavra é Jesus Cristo, pois Ele é o único capaz
de fazer a reconciliação entre Deus e os homens. Porque
há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem,
(1 Timóteo 2.5). Então, para ter uma
religião basta somente se converter a Jesus, e ter um relacionamento com Ele.
As autoridades religiosas da época de
Jesus prezavam por suas tradições, e valorizavam demais o que era externo. Uma
herança religiosa que foi transmitida a toda nação de Israel. Podemos constatar
isso através de alguns exemplos descritos na bíblia:
Os judeus tinham profunda veneração pelo
templo (Marcos 13.1), eles se prendiam a dias específicos (Marcos 2.22-27), o
culto virou uma mera formalidade, eles gostavam dos rituais e sacrifícios
(Isaías 1.11-18), os sacerdotes gostavam da bajulação do povo e da posição que
o cargo lhes conferia, pois amavam a glória dos homens (Mateus 23. 5-7; João
12.10, 42-43). Aquele povo, assim como a sua liderança foi se corrompendo mais
e mais. As pessoas foram se tornando cada vez mais religiosas e hipócritas.
Elas não conseguiam entender que aquelas coisas todas, templo, culto, sábado e
sacerdotes eram apenas uma figura do Messias prometido e desejado. Eles não compreenderam
que o que Deus queria era ter um relacionamento com o seu povo, por isso, Jesus
foi enviado exatamente para romper com aquela estrutura religiosa e levar as
pessoas de volta a Deus. O discurso de Jesus era contrário aquele sistema
imposto pelos religiosos, que aprisionava as pessoas e fazia com que elas
vivessem de aparências. “Aqui está alguém que é maior do que o templo que vocês
tanto veneram (Mateus 12.6). Eu Sou o Senhor do sábado” (Mateus 12. 8). O sumo
sacerdote e sacrifício perfeito (Hebreus 9.11-15) veio nos ensinar através do
próprio exemplo que a vida dedicada a Deus constitui o verdadeiro culto.
Nós somos especialistas em criticar o comportamento
dos Fariseus, mas não percebemos que a nossa tradição evangélica e religiosa
nos torna semelhantes a eles. Não nos damos conta de que a nossa religiosidade
nos impede de ter um relacionamento genuíno com Cristo. Há algumas frases que
nós evangélicos gostamos de repetir, que revelam que nós pensamos como e somos
tão religiosos quanto o povo de Israel. Por exemplo, a nossa tradição religiosa
nos faz tratar o templo como algo sagrado, por isso, sempre afirmamos o
seguinte: “Aqui no templo é lugar de reverência, pois é a casa de Deus”. “Ignoramos
que a bíblia afirma: ‘‘ Que o Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo
Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens.” (atos 17.24) E que o templo na verdade somos nós, (1 Coríntios 3.17, 6.19).
Portanto, não é só no templo que temos que agir com reverência, mas em todo
lugar.
A nossa compreensão humana e limitada
pressupõe que é no culto que nós adoramos a Deus. No entanto, veja o que Jesus
disse em João 4.24: “Deus é Espírito, e importa que
os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”. Tais palavras deveriam nos fazer
entender que a nossa vida é um culto interminável a Deus, e que a adoração que
é uma expressão deste culto não pode estar presa a formas e nem lugares. Outra
coisa que se nota no meio evangélico é a supervalorização de alguns líderes, para
não dizer idolatria mesmo. Muitas vezes, ouvimos a pessoas dizer: “Eu gosto da
oração do pastor beltrano, quando ele ora o fogo cai” ou então, “Se o apóstolo fulano
impuser as mãos sobre você, você será curado”. Logicamente que o pastor possui
uma função de suma importância, pois ele é alguém que recebeu a autoridade de
Deus sendo designado para cuidar do seu rebanho. Entretanto, o novo testamento
deixa claro que cada crente é um sacerdote, (1 Pedro 2.5). A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tiago 5.16). A nossa tradição
evangélica também nos faz dizer que o “domingo é do senhor”. Mas Paulo nos
ensina que o viver é Cristo, (Filipenses 1.21). O que nos leva a entender que
nós devemos ser do Senhor por completo, e não apenas um dia na semana. Nós
vivemos por Ele, para Ele e por meio Dele, logo a conclusão que chegamos é que
todo dia é do Senhor, ou pelo menos deveria ser. O futebol do fim de semana
deve ser tão santo quanto à reunião de oração, portanto
quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a
glória de Deus, (1 Coríntios 10.31). Ou caso contrário, não deveríamos
fazer.
Quer comais, quer bebais... O pão e água
da vida se manifestou a nós, e nos convida a saciar a nossa fome e sede
espiritual, mas nós preferimos a falsa religião. Ou talvez não estejamos tão
famintos e sedentos assim. É por isso, que ás vezes, penso que insistir em
chamar as pessoas para a reunião de oração e estudos bíblicos é o mesmo que
oferecer comida para quem não está com fome. É um desperdício. Só através de
Cristo, o verdadeiro significado da palavra religião, encontraremos o alimento
que não perece e enfim saciaremos a nossa alma.
Esse post foi inspirado na pregação Além dos Limites: culto, clero, domingo e templo, do pastor Ed René da IBAB.
Esse post foi inspirado na pregação Além dos Limites: culto, clero, domingo e templo, do pastor Ed René da IBAB.
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