segunda-feira, 7 de setembro de 2015

OS ATRIBUTOS DE DEUS

   Antes de fazer qualquer ponderação sobre o assunto, e meditar naquilo que a bíblia revela sobre ele, é necessário definir o significado da palavra atributo. Segundo o nosso dicionário atributo é aquilo que é próprio ou particular de um ser. É o que caracteriza alguma coisa ou alguém. É a qualidade de uma substância. No caso específico de Deus, de acordo com o dicionário bíblico, os seus atributos identificam o seu caráter e essência. Portanto, os atributos divinos são as características de Deus, a soma das quais definem quem Ele é. Eles refletem diversos aspectos da mesma essência divina. É importante ressaltar que não se trata de atribuir, ou acrescentar nada a personalidade e a natureza de Deus. Deus simplesmente é. Ele é santo, é justo, é bom. Deus é amor, é fiel, é verdadeiro, é misericordioso. Deus é infalível, é imutável, é eterno... O que se faz é apenas a constatação de quem Ele é, e do que Ele revela de si mesmo através da sua criação (revelação natural), Rm 1.20; Sl 19.1-4; e principalmente da sua palavra (revelação especial), 2 Tm 3.16; Jo 1.18; Jo 5.37-39; Hb 1.2-3; Cl 1.15.
Qual é a importância de se estudar os atributos de Deus? Vejamos o que diz o profeta Jeremias no capítulo 9, versos 23-24:

Assim diz Yahweh: “Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte no seu poder, nem o rico nas suas riquezas”.
Mas quem se gloriar, glorie-se nisto: em conhecer-me e compreender-me, pois Eu Sou Yahweh, o SENHOR, e ajo com lealdade, com justiça e com retidão sobre a terra, porquanto são essas as virtudes nas quais tenho grande prazer!”Assevera o Eterno”.

   Esse texto é o próprio Deus fazendo menção ao valor que Ele atribui àqueles que buscam conhecê-lo. E não é possível conhecer ao Senhor, quem Ele é, e como Ele age, sem conhecer os seus atributos, ou seja, aquilo que é inerente ao seu caráter, pelo menos não o Deus da bíblia. O máximo que iremos atingir é um conhecimento superficial e supersticioso de Deus, nutrindo ideias e convicções sobre Ele sem fundamento, as quais não passam de crendice.

   Segundo A. W. Pink, “um conhecimento salvador e espiritual de Deus é a maior necessidade de cada criatura humana”.  Por que ele disse isso? Eu vou responder essa pergunta com a frase de A.W.Tozer:

“o que vem em nossa mente sobre Deus é a coisa mais importante sobre nós”.

   O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, e para expressar a sua glória ele tem que viver de acordo com essa imagem. A qual ficou desfigurada no Éden, por ocasião da queda, causada pelo pecado de Adão. Mas que foi restaurada na cruz, através da redenção alcançada pela justiça de Cristo. Porém, se o homem alimentar uma visão distorcida sobre Deus, continuará refletindo uma imagem falsa ou deturpada do Senhor, e a partir daí a sua existência ficará comprometida. Assim acontece conosco, a imagem de Deus em nós fica danificada quando não conseguimos servir para o propósito pelo qual fomos criados, que é viver para sua glória. Uma visão limitada ou distorcida de Deus nos impede de atingir esse que deve ser o alvo de todo filho de Deus. Podemos viver para glória de Deus sem conhecê-lo? Sem sabermos quem Ele é? É impossível. Se não tivermos uma visão bíblica de Deus, o propósito pelo qual fomos criados ficará comprometido.

   Por que Tozer faria um pronunciamento tão extremo? “Ele continua a dizer que a história espiritual do homem demonstrará positivamente que a religião jamais foi maior do que a sua ideia de Deus. A adoração é pura ou vil dependendo de como o adorador alimenta pensamentos elevados ou baixos de Deus”. Podemos citar o exemplo da Índia onde existem milhares de “deuses”. Por que eles adoram vacas, serpentes, ratos? Por causa da visão distorcida que eles possuem acerca de Deus. Por causa da cegueira espiritual daquela nação.

Não havendo profecia ou (visão) o povo se corrompe ou (perece), mas bem-aventurado é o que guarda a lei.
(Provérbios 29.18)

Eis que o meu povo está sendo arruinado porque lhe falta conhecimento da Palavra.                                                  ( Oséias 4.6)

“ Não é suficiente seguir “deus”. Essa palavra passou a significar tantas coisas diferente hoje que de fato significa muito pouco. Se formarmos nossas próprias ideias sobre como Ele é, então estamos apenas criando um ídolo em nossas cabeças”, completa Tozer.

   O nosso conhecimento de Deus não pode ser baseado em nossas experiências pessoais, achismos, ou pensamentos que temos dEle de forma isolada, ou seja, o nosso  conhecimento a respeito de Deus e do seu caráter deve ter sempre como apoio as escrituras. Este é um problema sério que temos hoje na igreja, cada um forma sua própria ideia ou opinião sobre Deus, então surgem as muitas divergências. Porém, o mais grave é que as nossas discordâncias ultrapassaram a esfera humana, e entraram em território antes considerado sagrado. Estamos divergindo da próprio palavra de Deus. Nos púlpitos de muitas igrejas tem sido pregado um Deus que não existe. Um Deus que teve a sua soberania ofendida. Um Deus que tem que dá, que é colocado contra a parede, que é tradado como servo e não como Senhor. Para a vergonha da igreja, infelizmente isso acontece “porque Ele continua sendo o "Deus desconhecido" (Atos 17:23) para as multidões desatentas”, citando A. W. Pink.

   Há ainda mais dois pontos importantes que temos que ponderar.

   Primeiro, embora não seja uma tarefa fácil devido a nossa limitação, os atributos de Deus devem ser vistos e compreendidos na pespectiva divina e não humana.  Por exemplo, quando mencionamos sobre o ódio de Deus, ou a sua ira, a reação das pessoas é de assombro e rejeição. Elas não aceitam a ideia de um Deus que odeia  tanto o pecado quanto quem pratica o pecado, nem de um Deus que se ira todos os dias contra a impiedade humana, embora tais ensinamentos sejam bíblicos.

Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade. ( Salmos 5.5) ACRF.

O Senhor prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a sua alma. (salmos11.5)

Deus é justo juiz, Deus que sente indignação todos os dias.
Se o homem não se converter, afiará Deus a sua espada; já armou o arco, tem no pronto; para ele preparou já instrumentos de morte, preparou suas setas inflamadas.                   (Salmos 7.11-13) ARA

A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; (Rm 1.18) ARA.

Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, (Rm 2. 5) ARA

   É importante fazer a seguinte observação: os versículos citados acima falam de pessoas que praticam a iniquidade, e não de pessoas que cometeram um deslize na caminhada.

   Por que as pessoas têm aversão a um Deus irado e um Deus que odeia?  Porque elas se baseiam nesse sentimento carnal, mesquinho e egoísta que os seres humanos possuem. A ira e ódio de Deus não podem ser vistos sob a ótica humana, como se Deus ficasse vermelho de raiva, e quisesse se vingar, porque fizemos algo que o contrariou. O nosso padrão não se encaixa em Deus, e sim o inverso. Deus é santo, é excelente em moral, julga a tudo e a todos com retidão, e portanto, age com extrema perfeição.

   A segunda coisa que temos que observar ao estudar os atributos divinos, é que mesmo eles sendo aspectos da personalidade e do caráter de Deus, não podem ser considerados isoladamente.  Não podemos separar o amor de Deus, da justiça de Deus. Deus ama sem deixar de aplicar a sua justiça, e aplica a sua justiça sem deixar de amar. Devemos  considerar a sua bondade sem desprezar a sua severidade(Rm 11.22), a misericórdia sem ignorar a sua ira.(Naum 1.3) Os seus atributos atuam juntos e moderam a  sua ação, essa é a razão para ele não destruir os pecadores de uma vez.  De um lado está a justiça, a severidade e a ira de Deus querendo esmagar o pecador, e do outro lado o amor, a bondade e a misericórdia segurando a mão de Deus. Portanto, os atributos de Deus se completam e se equilibram perfeitamente, de tal forma que excede o nosso entendimento humano. É difícil compreender como Deus concilia cada um dos seus atributos, mas isso não pode nos impedir de querer conhecê-lo, ainda que  seja sensato reconhecermos que jamais iremos fazê-lo por completo. Mas como o apóstolo Paulo diz :

Agora, portanto, enxergamos apenas um reflexo obscuro, como em um material polido; entretanto, haverá o dia em que veremos face a face. Hoje, conheço em parte; então, conhecerei perfeitamente, da mesma maneira como plenamente sou conhecido. (1 co 13.12)

   Os atributos de Deus se classificam em:

a)Naturais- de modo apenas didático, os atributos de Deus envolvem a sua essência.

EX: Eternidade, imutabilidade, infabilidade; etc.


b)Morais- são as qualidades atribuídas ao seu caráter e que expressam a sua vontade.

Ex: Santidade, justiça, bondade; etc.

c)Incomunicáveis-  são aqueles exclusivos de Deus, que enfatizam a sua transcendência. Apenas Deus tem essas qualidades e elas não foram transmiti
das (comunicadas) a nenhum ser criado. Deus não compartilhou tais atributos com os homens.

Ex: Onipresença, onisciência, onipotência; etc.


d)Comunicáveis-  que expressam a imanência de Deus e que foram compartilhados em certa medida com os homens.

Ex: inteligência, vontade, moralidade, etc.

   É preciso  suplicar a Deus com seriedade e determinação que aplique Sua verdade à consciência e ao coração, a fim de que a nossas vidas sejam transformadas. Necessitamos algo mais que um conhecimento teórico de Deus. Só conhecemos verdadeiramente a Deus em nossa alma, quando nos rendemos a Ele, quando nos submetemos à Sua autoridade e quando os Seus preceitos e mandamentos regulam todos os pormenores da nossa vida. (A. W. Pink)

"Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor..." (Oséias 6:3),”.

Se alguém quiser fazer a
vontade dele... conhecerá" (João 7:17).

"... o povo que conhece ao seu Deus se
esforçará e fará proezas" (Daniel 11:32).


Essa postagem foi inspirada nas pregações dos pastores Paul Washer e Paulo Júnior, bem como nas obras dos autores A. W. Pink: Os Atributos de Deus, título original (The Attributes Of God) e A.W. Tozer: O Conhecimento do Santo, título original (The Knowledge Of The Holy) possuindo citações e alguns trechos extraídos dos mesmos, assim como conteúdos pesquisados de sites evangélicos na internet.





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