domingo, 8 de novembro de 2015

Os Evangélicos Que Não Nasceram do Evangelho

     É maravilhoso pertencer ao corpo de Cristo, é precioso demais ter comunhão com os irmãos, nada se compara ao evangelho da graça que me alcançou, enfim eu posso declarar conforme Romanos 1.16 : "porquanto eu não me envergonho do evangelho..." No entanto, me incomoda profundamente ser reconhecido como evangélico nos dias de hoje. Por que afirmo isso? Porque considero o conceito de evangélico desgastado, essa é uma definição que perdeu o seu significado. Nós somos chamados de evangélicos porque cremos na mensagem do evangelho, mas essa mensagem não tem valor se não for praticada,(Tiago 1.22-25). É por isso, que o nome evangélico hoje não causa mais impacto na vida das pessoas, pois não existe mais qualquer distinção. É só mais uma religião entre tantas outras, como Católicos, Espíritas, Testemunhas de Jeová, mulçumanos, etc. Não existe diferença, aliás, se há alguma diferença é para o mal.

    
     A vinte, trinta anos atrás ser evangélico no Brasil era sinônimo de seriedade, o povo evangélico era respeitado, porque as pessoas conseguiam notar a diferença. Elas podiam não concordar com o nosso modelo de viver, podiam não querer participar do nosso meio, podiam nos rotular de fanáticos, entretanto, não tinham como negar que os evangélicos era um povo comprometido com a sua fé, em outras palavras, um povo que vivia o que pregava. Mas, infelizmente hoje no Brasil, o evangélico é alvo de piadas e motivo de chacotas. Ser evangélico é ser visto como picareta, safado, mentiroso, enrolado, ladrão, adúltero. Por que isso acontece? Por causa do número de maus testemunhos dos chamados evangélicos, por causa da quantidade de escândalos que têm sido produzidos por essa geração gospel. É claro que não podemos generalizar, pois há pessoas sérias, corretas, íntegras, fiéis a Deus e comprometidas com a sua palavra, nas quais devemos nos espelhar. Mas no geral a impressão que se tem é muito negativa. E como a bíblia mesmo diz: "Um pouco de fermento leveda toda a massa". A iniquidade é como um câncer que se não for arrancada se espalha e atinge todo o corpo. A igreja evangélica necessita urgente de uma cirurgia espiritual. As coisas que têm acontecido, deixam isso bem evidente. Por exemplo, o número de divórcios entre os evangélicos tem atingido proporções altíssimas, quase se equiparando as pessoas de outras religiões, ou às que dizem não possuir nenhuma religião. Isso acontece inclusive entre os pastores, os quais se divorciam, casam-se novamente e continuam a pastorear as suas congregações como se nada houvesse acontecido. Outro exemplo negativo, é a quantidade de jovens que estão dentro de uma igreja evangélica, que praticam sexo antes do casamento. É algo assustador e alarmante. Não há mais temor de Deus, não há qualquer pesar pelo pecado. Estes fatos, e outros que poderia citar, provam que quase não há diferenças entre os evangélicos e não evangélicos. Tudo isso em grande parte, também se deve ao abandono do ensino fiel das escrituras. A maioria esmagadora dos evangélicos em nosso país, não vive conforme os princípios da palavra de Deus, pois prefere se levar por todo tipo de vento de doutrina. Há uma substituição da palavra autêntica, por uma palavra que é adulterada, acarretando em desvios de conduta, porque só a palavra verdadeira pode gerar vida e santificação.
    
     O sincretismo religioso se infiltrou na igreja evangélica, ou seja, ela está repleta de práticas oriundas de outras religiões. Hoje se vê dentro de muitas igrejas evangélicas: espiritismo, catolicismo, ocultismo, práticas orientais, etc. Tudo isso está sendo propagado, campanhas de descarrego, caminhar pelo sal grosso, oração pelos mortos. O ecumenismo está cada vez mais sendo aceito entre os evangélicos. O que significa ecumenismo? É a busca da unidade entre todas as religiões em nome do amor fraternal. Qual é o discurso que se faz? Se ao invés de focarmos nas diferenças que nos separam, nós olharmos para aquilo que nos une, "o mesmo Deus", finalmente poderemos dar as mãos e caminharmos juntos. Católicos, evangélicos, espíritas,  A ideia é a seguinte: "para que nos mantermos divididos, se temos em comum o fato de servirmos ao mesmo Deus?". Esse pensamento é defendido inclusive por pastores e cantores conhecidos. No entanto, argumentos como estes não se sustentam à luz da palavra de Deus. Veja o que o teólogo e pastor Paulo Romero diz sobre esse assunto, no seu livro Evangélicos Em Crise: ...em nenhum lugar da bíblia a palavra de Deus encoraja a união do crente em detrimento do equilíbrio doutrinário. A nossa união deve ser em torno da verdade, e não do erro, como bem expressou o salmista: "companheiro sou de todos os que te temem, e dos que guardam os teus preceitos" (salmos 119:63). O amor preza pela verdade e justiça,(1 coríntios 13.6). Paulo também nos ensina que não pode haver associação entre a luz e as trevas (2 coríntios 6.14).
    
     O reducionismo tomou conta do meio evangélico. O que é isso? É o evangelho fragmentado, isto é, reduzido a alguns poucos benefícios, como é o caso da teologia da cura e prosperidade. É o evangelho incompleto, onde mostra-se os atrativos, e se esconde os custos. Contudo, Jesus fez questão de mostrar que haveria custos para os seus seguidores, (Luca 14.26-33). Além do pragmatismo. O que é pragmatismo? É visar somente os resultados sem considerar os meios. Por exemplo, o alvo de uma igreja é ganhar membros, e para alcança-lo vale todo tipo de estratégia, mesmo que isso signifique ferir princípios da palavra, pois o importante é o resultado que se obtém.

     Ser evangélico hoje virou status. É um meio de autopromoção, por isso, não se iluda com esses artistas que se dizem evangélicos, até porque isso não significa muita coisa. Essas pessoas vêm para igreja como lobos vestidos em peles de ovelha, e passam a ser idolatradas no nosso meio, viram verdadeiros astros gospel. A maioria está sempre se envolvendo em polêmicas, escandalizando o nome de Cristo. Se dizem de Deus, mas continuam fazendo tudo que faziam antes. São iguais a muitos evangélicos, a diferença que estes são famosos, são artistas gospel, tratados como celebridades que viraram evangélicos, mas nunca nasceram do evangelho.

     Esse é só um dos extremos da igreja evangélica, o liberalismo. Tudo é permitido, todos são aceitos, o importante é amar. O outro extremo é o legalismo. Nada é permitido, tudo é pecado, tudo é demônio. Não há equilíbrio, não há temperança. Quando Jesus declarou que nós somos o sal da terra, Ele está dizendo que fomos chamados para fazer a diferença (o sal faz toda diferença no preparo dos alimentos). O sal tem basicamente duas funções: conservar e dar paladar. O sal conserva os alimentos, como carnes, impedindo que se estraguem. Da mesma forma, Jesus nos chamou para influenciar as pessoas através do nosso estilo de vida, e impedir que elas se deteriorem. A nossa função é conservar o padrão de santidade descrito nas escrituras, o linguajar correto, os bons costumes, a moral, afim de que a sociedade siga o nosso exemplo. Nós podemos citar os puritanos. Quem eram os puritanos? Eram cristãos ingleses que surgiram no século XVI, após a reforma protestante. Esses servos de Deus foram perseguidos na Europa, por não se conformarem com o mundo, e em busca de outros lugares com liberdade religiosa, eles foram para às colinas da Nova Inglaterra na América do Norte em Abril de 1630. Os puritanos tiveram uma significativa influência positiva no desenvolvimento dos Estados Unidos da América. No mesmo ano em que chegaram, eles dedicaram-se ao trabalho, fazendo uma ótima colheita no verão seguinte. Dessa colheita eles celebraram uma festa até o dia de hoje chamada: "o Dia da Ação de graças". Os puritanos também influenciaram na criação do refrigerante mais famoso e mais vendido do mundo. A Coca-Cola. A Coca-Cola quando foi lançada pelo farmacêutico John Pemberton em 1884, na cidade de Atlanta nos E.U.A, continha álcool em sua fórmula original. Mas por causa dos puritanos havia um movimento antiálcool naquele país. Nenhuma mulher ou homem decente poderia ser visto em lugares que fornecessem bebidas álcoolicas. O estilo de vida dos puritanos influenciava tanto a sociedade, que estes estabelecimentos foram todos fechados. E para que o seu negócio desse certo, o criador da Coca-Cola se viu obrigado a alterar a sua fórmula, retirando o álcool. A Coca-Cola se tornou o refrigerante mais vendido, sendo a 3º marca mais valiosa do mundo, avaliada em 78,423 bilhões, segundo a revista exame, ficando atrás somente da Aplle e Google.

    

     A outra função do sal é temperar, é dar paladar aos alimentos. Nós existimos para dar sabor a vida das pessoas que estão ao nosso redor, o propósito do cristão é tornar o mundo melhor através do seu modo de viver. É importante ressaltar que não fomos chamados para salgar, e sim para temperar. Ou seja, o cristão não pode ser salgado demais (se exceder, permitir tudo), e por outro lado também não pode se tornar insípido (restringir tudo), ele precisa ser temperante. O sal é composto do cloreto de sódio (Nalc). É um sal orgânico formado pela ligação iônica entre o sódio e o cloro. O sódio doa um elétron para o cloro, formando os íons sódio (Na+) e cloreto (Cl-). Como esses íons possuem cargas elétricas opostas, ficam bastante unidos e formam o *cloreto de sódio*, uma substância extremamente estável. Os dois juntos formam uma combinação perfeita (o sal de cozinha), porém se consumidos separados se tornam venenos e representam uma ameaça para a vida das pessoas. Assim acontece em relação ao amor fraternal e a verdade doutrinária; juntos se completam, mas isolados correspondem um perigo para a vida espiritual. Amor sem verdade vira liberalismo, e verdade sem amor torna-se legalismo. A bíblia nos ensina seguir a verdade em amor para que cresçamos em tudo em Cristo que é o cabeça. Portanto, praticar o amor, mas omitir a verdade é fazer apologia da libertinagem. É o uso da liberdade sem bom senso, é ultrapassar limites. É buscar fazer as coisas ao seu bel-prazer e gostos de maneira desordenada. Como já abordamos lá atrás. Por outro lado, exercer a verdade sem amor tornar-se-á legalismo. Em suma, conhecer a verdade, possuir uma teologia correta não basta, é necessário aplica-la com amor. Caso contrário, pode se tornar apenas moralismo e fanatismo religioso.


     Ser legalista é outro erro que a igreja evangélica comete, querer impor às pessoas obrigações, regras, normas, que muitas das vezes, não passam de preceitos de homens vestidos com a capa da religião. São imposições que surgem de interpretações equivocadas das escrituras, e só servem para cercear a liberdade das pessoas em Cristo. Então, fica-se dizendo não faça isso, não faça aquilo, não pode isso, não pode aquilo outro. Mas Paulo diz :"posso fazer todas as coisas, mas nem tudo me convém". Se Paulo disse isso, então a questão não é o que se faz, ou se deixa de fazer, e sim se devo ou não. Como que eu sei o que me convém fazer? Por intermédio do Espírito Santo que habita em mim, e fala a minha consciência. E pela palavra revelada, ambos concordam. Significa que o Espírito nunca vai lhe dirigir para fazer algo contrário à palavra, e nem a palavra irá lhe ensinar algo que vai contra a sua consciência que é preservada pelo Espírito. A conclusão que se chega é que o cristão não faz porque não pode, e sim por não querer fazer. A sua vontade foi totalmente alterada, não pela letra escrita nas tábuas de pedra, mas sim pela lei de Cristo registrada no seu coração. E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne;(Ezequiel 11:19).


     Não é um conjunto de leis morais e religiosas que transforma o homem e o impede de cometer más ações. E sim o amor de Cristo que nos constrange e nos restringe de pecar. Porque toda vez que o crente se lembra do Cristo crucificado pelos seus pecados, e entende a grandeza desse amor que lhe invadiu a alma, então ele se torna verdadeiramente livre pela lei graça de Deus. Isso é o evangelho, o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Isso é o evangelho, a verdade que liberta o pecador do cativeiro, porém este só terá efeito sobre aqueles que nascerem de novo, caso contrário, serão apenas evangélicos adeptos da religião que aprisiona e destrói a alma.

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